domingo, junho 20, 2010

South Africa'94 - Primeiras Semanas e Primeiro Passeio

Quando cheguei na África do Sul, Alastair ainda estava no Brasil. Ele seria um bom parceiro na minha estada lá, mas o começo foi somente com a companhia de Gaynor e Sewchand. Sim, chegar num lugar diferente é difícil. Senti saudades e lembro que na primeira semana, eu estava triste e pensando se tinha feito a coisa certa quando resolvi ir. Foi quando Gaynor me levou no cinema, com um amigo de Alastair. Fomos ver uma comédia e ri muito, testando meu inglês, afinal o filme não tinha legendas. Foi delicioso. Ri das piadas e quando levantei, virei para Gaynor e Wiseman e falei português. Claro que eles não entenderam, mas mostrava que eu estava realmente tranquilo...

E com pouco mais de uma semana, iniciei uma grande viagem pela África do Sul. O Rotary juntou vários intercambistas brasileiros e argentinos e organizou uma viagem para um Parque Nacional - o maior do país - o Kruger National Park.

Duas vans e éramos 12 intercambistas. Claro que ficou uma van com os brasileiros e outra com os argentinos. Antes de chegar ao Kruger, passamos por Joanesburgo e Pretoria. Os intercambistas foram divididos e eu fiquei com mais 2 brasileiros numa casa em Joanesburgo. Foi bom que fizemos alguns passeios -Carlton Panorama, um prédio alto onde pode se ter uma ótima visão de Joanesburgo, Gold Reef City, um parque de diversões que tem também uma mina desativada de diamantes e também a um teleférico na beira de um lago próximo a cidade.

Em Joanesburgo, também saímos um dia a noite. Fomos todos numa danceteria e que chamou minha atenção foi o aviso logo na entrada: "Leave your gun weapons here" - Deixe suas armas de fogo aqui. Será que com facas se podia entrar? Eu não tentei.

Em Pretoria, visita a museus para conhecer um pouco a história da África do Sul. As guerras da época da colonização, que envolveu ingleses contra holandeses. Em 1994, era isto que os museus mostravam. Provavelmente agora devem mostrar as histórias do Apartheid.

E finalmente chegamos no Kruger National Park. São diversos destes parques espalhados pelo país, mas o Kruger é o maior. Nestas reservas, os animais estão soltos. Apenas os acampamentos que ficam protegidos por telas. Você passeia durante o dia, torcendo para encontrar animais soltos no seu habitat natural. Claro que a procura maior é pelos 5 Grandes - os Big Five: Leão, Guepardo, Elefante, Rinoceronte e o Búfalo.
O grupo andava nas duas vans. Não se descia dos carros, mas também não tinha nenhuma segurança para se proteger dos animais. Mas não precisa. Eles estão soltos e por isso podem fugir. Tem seu alimento e não precisam atacar os humanos.

Nosso grupo viu muitos animais. A primeira girafa que vimos foi uma festa. Fotos e mais fotos. Mas olha lá outra girafa. E outra. E outra... O mesmo aconteceu com os knus, impalas, veados e tantos outros antílopes ou assemelhados. Queríamos ver os 5 grandes! Bem, não tivemos muita sorte. Vimos 1 leão, logo num início de dia. Ele estava parado na estrada. Deveria ter tido uma boa refeição a noite e estava descansando. Vimos 1 elefante, de longe. A região do parque que estávamos não era a região dos elefantes. Não vimos Guepardos nem Rinocerontes. Mas vimos muitos Búfalos. Gostei também dos Hipopótamos. Vimos muitos deles, rodando suas orelhinhas nos lagos e rios. Você sabe que os Hipopótamos são bichos perigosos? Dizem que eles matam sem razão. E o tamanho deles impõe respeito.


Mas será que não é mais fácil ir a um zoológico para ver todos estes animais, sem chance de não vê-los? Sim, é mais fácil, mas bem menos emocionante.

O passeio terminou em Durban. Iniciaram boas amizades entre os intercambistas, mas não mantenho contato hoje com nenhum deles. Naquela época, a internet e e-mails eram ainda experiências de laboratório de universidades. E isto também é assunto para outro post.

segunda-feira, junho 14, 2010

Dia dos Namorados 2010 - SFS

Uma pausa na South Africa'94. Para falar do Valentine's Day 2010.

Dia dos namorados. Obra em andamento. Combinamos então de não trocarmos presentes. Mas resolvemos fazer um passeio.

Aproveitamos que ganhamos uma cortesia num hotel (com H), e resolvemos passar o Dia dos Namorados em São Francisco do Sul. Sim, São Chico. Vocês devem se perguntar: mas você vai pra lá todo dia? É, vou. Mas para trabalhar... Agora, fui para curtir.

Fomos para um bonito hotel, de frente para a Baía de Babitonga. Não fizemos questão de chegar cedo. Afinal, nada de stress neste dia. Almoçamos em Joinville e fomos então para São Chico. Descansamos um pouco e fomos passear.

É claro que a Solange adorou a ideia de passear no shopping. Mas acho que ficou um pouco decepcionada que não pode fazer compra nenhuma. Ainda bem...

Mas o ponto alto foi o jantar, no próprio Hotel. Nesta data, o jantar no Hotel foi um dos eventos top da cidade. E foi bem gostoso. Boa música, show de dança e boa diversão. E ainda estávamos numa mesa pé quente - todos ganhamos brindes. (Nós ganhamos um espumante espanhol - conseguem imaginar se gostamos?)


Um ótimo Dia dos Namorados - um passeio gostoso, sem filas para o jantar e num belo lugar. Sem falar da boa companhia!

quarta-feira, junho 09, 2010

South Africa'94 - Família, comida, língua e cidade

No intercâmbio que participei, fica-se na casa da família da pessoa que veio ao seu país, ficar na sua casa. Então, o Alastair e Karen vieram ao Brasil em Nov/93 para passar também 10 semanas. Era para eu e a Tatiana - a outra garota brasileira - irmos na mesma época para África do Sul, mas acredito que devido as festas de final de ano, alteramos nossa ida para Janeiro.
Quem ficou na minha casa foi a Karen - uma garota loira, descendente de holandeses - que morava em Kokstad (acho que é isto), uma cidade menor e bem mais conservadora da África do Sul. Mas Karen não conseguiu aguentar as saudades de casa - devia ter outros problemas também - e pediu para voltar para casa apenas 1 semana depois da chegada no Brasil.
O Alastair ficou na casa da Tatiana, mas como Karen foi embora cedo, ele passou algum tempo em casa também. Viajou com minha família até SP para as festas de final de ano, onde visitamos o Ibirapuera, o MASP e a Av. Paulista.

Não lembro bem o porquê, mas eu fiquei na casa do Alastair em Durban e a Tatiana ficou na casa da Karen, em Kokstad.

Durban é uma cidade grande - considero que do tamanho de Curitiba - banhada pelo Oceano Índico. Fica no Estado de KwaZulu-Natal (antes era apenas Natal) e tem forte presença de indianos. Descobri hoje numa das diversas entrevistas que estão passando sobre a África que Mahatma Ghandi morou mais de 2 décadas lá.

Esta influência indiana afeta bastante a culinária local. A comida é apimentada e bem condimentada, principalmente com curry. Não sou muito fã nem de curry, nem de pimenta, mas suportei bem a alimentação. Claro que tive apoio de minha família local, que não carregava tanto nos condimentos enquanto eu estive lá.
Mas lembro de uma refeição onde comemos ovos mexidos com pimentas verdes inteiras. Desde modo, era fácil eu tirar os pedaços de pimenta e comer somente os ovos. Mas numa das garfadas, veio um pedaço de pimenta no garfo e resolvi experimentar. Ah, se arrependimento matasse... Naquela noite, tomei muita água e comi muita pastilha de hortelã, tentando "esfriar" minha língua!

Eu morei numa bonita casa na vizinhança de Shallcross - um bairro onde a população principal é descendente de indianos. Minha família lá era bem interessante - o patriarca Sewchand, de descendência indiana e sua esposa Gaynor, de descendência negra. Esta miscigenação não era comum antes do Apartheid e isto fez com que Sewchand e Gaynor tivessem que se separar. Ficaram algum tempo separados. Sewchand casou-se novamente e se separou. E os dois voltaram a se casar novamente.
Também moravam na casa 2 filhos deste 2o casamento de Sewchand.
Lembro de outra pessoa na casa, um irmão de Sewchand, mas que não recordo se ele morava lá ou não. Por ser uma pessoa de mais idade, eu tinha bastante dificuldade em entender o inglês dele. E para não ficar sempre perguntando "What?", eu usava a seguinte tática: se ele falava e esboçava um sorriso, eu sorria também; se ele falava e fazia uma cara séria, eu franzia a testa também.

A diarista que ajudava Gaynor nas tarefas pesadas era uma negra da tribo zulu - a mais populosa da África do Sul e de forte presença no estado de KwaZulu-Natal. Com ela, realmente a comunicação não funcionou. Ela não falava inglês, apenas o Zulu. Infelizmente, não aprendi muita coisa em Zulu, apenas a saudação de quando se encontra alguém: Sawbona. Acho que é assim que se escreve. E a resposta deveria ser: Yebo sawbona. Então, posso colocar no meu currículo que eu falo Zulu?

Falando em idiomas, a África do Sul tem hoje 11 línguas oficiais: Inglês, Africâner e outros 9 dialetos negros. Quando estive lá, somente o inglês e o africâner eram línguas oficiais. O africâner é bem parecido com o holândes - complicado e com palavras compridas. Infelizmente, não aprendi nada do africâner - entendia apenas os termos principais das placas de sinalização porque estavam normalmente em Africâner e em Inglês.
A cidade onde Tatiana ficou parte do intercâmbio falava mais o africâner e ela sofreu um pouco com isto, tendo pedido e conseguido passar o final do intercâmbio em Durban.

Está sendo divertido e saudosista escrever sobre estas lembranças. Espero que estejam gostando também.

segunda-feira, junho 07, 2010

South Africa'94 - Como fui parar lá

Se dessem a opção para um jovem de 18 anos escolher para onde ir, nos idos de 1994, com certeza ele não escolheria a África do Sul. Terra desconhecida, terra de segregação. Mas não foi assim que aconteceu... Não tive opções.

Eu tinha tido intenção de fazer intercâmbio alguns anos antes, meados de 1992. Talvez fosse num momento de decepção adolescente, provavelmente amorosa, onde eu queria ir para o mais longe possível. Eu queria ir para a Austrália. Até cheguei a preencher os formulários, mas desisti.

Menos de 2 anos depois, meu pai, que é rotariano, apareceu com a possibilidade de um intercâmbio de curta duração para a África do Sul. Eu já estava na faculdade. Tinha completado 18 anos a pouco. E o prazo para resposta era curto - o dia seguinte. Com tão pouco prazo, decidi ir. E fiz a escolha certa.

Viajei no dia 10 de janeiro e fiquei na África do Sul até o dia 18 de março - 10 semanas - 2 meses e meio. Como era um intercâmbio, fiquei na casa de uma família sul-africana. E o filho deles tinha vindo para o Brasil, também por 10 semanas. Mas ele chegou antes e pude conhecê-lo. O nome dele era Alastair. Como ele veio antes, também voltou antes e passamos bons momentos juntos.

Lembro que foram minhas primeiras milhas Smiles acumuladas. E foram logo muitas milhas. O vôo era SP - Joanesburgo e depois uma conexão para Durban - onde passei a maior parte do tempo.

Na mesma época, outra intercambista brasileira também viajou comigo. Também de Florianópolis. O nome dela é Tatiana Rotolo. Hoje, não tenho mais o contato com ela. Ela era um pouco mais nova e tenho certeza que as impressões dela sobre o país e a experiência do intercâmbio foram diferentes, o que é normal - afinal somos seres humanos e únicos.

Eu já falava inglês, mas foi neste intercâmbio que o desenvolvi bem.

Em 1994, eu já estava entrando no 2o. ano da faculdade. As decepções adolescentes que me fizeram procurar o intercâmbio em 1992 já tinham passado e a medida que chegava a hora da viagem, com mais incertezas sobre minha decisão eu ficava. Era época de Natal, de Ano Novo e isso também afetava. As últimas noites em Floripa foram angustiantes. A despedida de meu pai, quando sai de Floripa de ônibus para SP foi difícil. A despedida de minha mãe no aeroporto de SP foi mais fácil - ali, não tinha mais volta.

E fui. E não me arrependo. Com certeza, este intercâmbio mudou minha vida. E é um dos pilares que fazem eu estar onde estou hoje. Como? Por que? Sigam e cobrem - que continuarei contando esta aventura.

domingo, junho 06, 2010

South Africa '94

Ei, será que tem algo errado neste título? Não, não tem...
Fazem 16 anos que estive na África do Sul - este mesmo país que esta semana começa a sediar a Copa do Mundo de 2010 e que estará no centro das atenções mundial.

Eu lembro que quando a FIFA selecionou a África do Sul como anfritriã para esta Copa, eu pensei e sonhei em revisitar este país, reencontrar os amigos que deixei por lá, rever as belas paisagens deste país tão parecido com o Brasil. Mas, infelizmente, não estou realizando este sonho. Mas as lembranças que este evento trazem são muito boas. Tentarei mostrar algumas delas aqui durante este próximo mês.

Foi em janeiro de 1994 que estive lá. Passei 10 semanas num intercâmbio cultural patrocinado pelo Rotary Club. Na época, nem me liguei que 1994 foi o ano do fim do Apartheid. Eu, branco, indo para morar numa casa de sul-africanos descendentes de indianos, numa vizinhança - Shallcross - onde predominavam estes descendentes. Uma explicação: no estado de Natal, onde fica a cidade de Durban, onde passei parte desta 10 semanas, existem muitos descendentes de indianos que foram para a África do Sul trabalhar na cultura da cana de açúcar. E com o Apartheid, eles também tinham os locais onde podiam ir, onde podiam morar. Em 1994, mesmo com o fim daquele regime de segregação, as pessoas ainda moravam separadas - não por imposição de lei, mas por continuarem morando onde já estavam.
Será que no Brasil também não temos esta espécie de Apartheid?

A Copa fez que eu retomasse o contato por e-mail com meus anfitriões na África do Sul. Um amigo de minha tia está lá na África do Sul para a Copa e deve encontrá-lo. Ele tem um blog para contar suas aventuras por lá. Está sendo muito legal ler as impressões dele.

E a overdose de Copa na TV nesta época, reforçam as minhas impressões e lembranças também: espero poder contar sobre o que senti da infra-estrutura deste país, das viagens que fiz por lá e como este intercâmbio mudou minha vida. Uma bela experiência. Que venha o pontapé inicial!

Muitas visitas

2 finais de semana e duas visitas seguidas.

No final de semana passado, meu pai e sua esposa estiveram por aqui para nos visitar. Foi uma visita rápida. Chegaram no sábado a noite, quando comemos fondue de queijo e ficaram até o domingo depois do almoço, quando comemos entrevero de pinhão. Querem esta receita? Já deixei por aqui até com foto.

Neste final de semana prolongado pelo feriado de Corpus Christi, a casa ficou ainda mais cheia. Minha mãe e minha tia já estavam com visita marcada. Vieram de carro e minha irmã resolveu vir junto para ajudá-las na viagem. E o Caio aproveitou a carona. Resumindo: mãe, tia, irmã e sobrinho de uma vez só.
Chegaram na madrugada de 5a. feira e foram recebidos com pão de queijo e vinho. Só fomos dormir às 3hs da manhã e no outro dia, o Caio já estava acordado às 7hs. Visitamos a obra e o Caio encontrou uma pedra com o formato do pé dele. Guardamos esta pedra para a eternidade.
O Caio adorou os animais de estimação. Queria fazer carinho em todos, mas a Jujuba - por ser uma gata - se mostrou mais arisca. Ele se divertiu podendo pegar o Café no colo e colocar ao lado dele no sofá.
Infelizmente, faltaram fotos. Espero que minha irmã envie as que ela bateu com o celular.
Fernanda e Caio pegaram o avião de volta no sábado pela manhã e minha mãe e minha tia se despediram à tarde, com destino a Floripa.

A casa ficou cheia de vida nestes dias e foi muito bom. Quem disse que o inverno tem que ser frio? O que não faltou foi calor humano.