Pouco mais de 4 meses. Este foi o tempo que consegui ficar sem ser assaltado no Rio de Janeiro. E o pior, este foi a primeira vez que fui assaltado em toda a minha vida.
Anteriormente, eu só havia sido furtado 2 vezes. Uma vez em Curitiba, quando entraram no apartamento que eu alugava. Levaram algumas coisas valiosas e pequenas. Reviraram tudo, mas deixaram TV, cheques e computador. A outra vez foi em Florianópolis, quando levaram a minha bicicleta da garagem de casa.
Desta vez, foi no ônibus, em São Cristóvão, quando eu estava voltando do trabalho. Eram 5hs da tarde do dia 01/10 - segunda-feira. Eu normalmente volto de metrô, mas neste dia, resolvi voltar de ônibus por ser mais rápido. Peguei o ônibus - linha 462 - no ponto final. Só entraram 2 passageiros - eu e uma senhora. Quando o ônibus estava quase saindo, já com a porta fechada, outro passageiro pediu para entrar. Era o assaltante, mas ele entrou e pagou a passagem como um passageiro normal e sentou perto da cobradora. Não percebi quando ele foi em direção a cobradora e anunciou o assalto. Quando vi, pensei que ele estava perguntando algo. Só entendi a situação quando o vi pegando o dinheiro do ônibus. Não se sabe se ele estava armado. Escondi minha pasta sob o banco. A outra senhora também fez o mesmo com a sua bolsa.
O ladrão estava nervoso. E pedia para o motorista abrir a porta de saída, que ficava no meio do ônibus, perto de onde eu estava. E quando ele se aproximou da porta, gritou para mim pedindo a bolsa. Tirei minha carteira do bolso e tentei entregar só o dinheiro. Mas ele pegou da minha mão e desceu correndo do ônibus. Ele não tentou assaltar a outra passageira, nem pediu o celular ou o relógio. Desceu do ônibus e correu. Não havia nenhum policial por perto!
Todos fomos a Delegacia fazer a ocorrência. Após 3 horas de espera, conseguimos relatar o fato e olhar fotos dos deliquentes fichados na polícia. Tanto eu quanto a cobradora e a senhora reconhecemos a mesma pessoa: Arthur Cavalcanti, ladrão em liberdade condicional pelo mesmo crime - artigo 157 do Código Penal - Roubo. Lembramos que este cidadão estava parado na passarela perto do ponto, olhando e provavelmente escolhendo o ônibus para assaltar. Provavelmente escolheu este por estar vazio.
Meu prejuízo: R$ 40,00, a carteira de motorista e o cartão de débito do banco. E uma sensação de impotência impressionante.
O Rio de Janeiro pode ser lindo, mas estes fatos acabam com sua imagem. Pode acontecer em qualquer lugar do mundo, é verdade. Mas parece que aqui é bem mais frequente e as pessoas já nem ligam. Quantas vezes já não ouvi que, na verdade, a culpa é do assaltado que vacilou. Você não pode falar no telefone na rua, não pode andar com bolsas que pareçam ter alguma coisa e tem que estar sempre ligado. Você anda nas ruas fingindo que não vê crianças, jovens e adultos dormindo na rua mesmo nos bairros melhores da Zona Sul.
Sou partidário da tolerância zero. Para qualquer tipo de crime - desde assaltos até jogar papel na rua ou andar sem capacete (muito comum aqui no RJ). Já escrevi aqui sobre a impunidade e mantenho minha opinião. E cada um deve fazer a sua parte. Registrar queixa, denunciar abusos, não comprar contrabando ou pirataria.
Nesta semana, a revista Veja traz uma entrevista com o Luciano Huck sobre um assunto parecido. Ele também foi assaltado e defende, entre outras coisas, a melhoria da educação para buscar menor diferença social, mesmo que seja a longo prazo. Parabéns ao Luciano pela coragem.
E eu torço por não passar por tal experiência novamente...